A identificação de espécies coloca algumas dificuldades, entre elas:
- saber quais as espécies possíveis ou prováveis (entre as quais terá de ser feita a distinção) tendo em conta o local de observação;
- determinar a área aproximada à qual podemos extrapolar os conhecimentos adquiridos num determinado local.
Para tentar ultrapassar estas duas dificuldades, defini recentemente uma "Região da Lousã" formada por 20 municípios com flora vascular semelhante.
https://www.biodiversity4all.org/projects/regiao-da-lousa?tab=observations&subtab=map
A seleção destes 20 municípios decorreu em várias etapas.
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Primeira etapa: selecionar o concelho da Lousã e os três concelhos adjacentes cujo território também se situa maioritariamente na encosta norte da Serra da Lousã: Góis, Miranda do Corvo e Vila Nova de Poiares.
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Para cada um destes concelhos, determinar a percentagem de espécies em comum com a Lousã (de acordo com as informações disponíveis na Flora-on em 14 de abril de 2022): na fração correspondente a esta percentagem o numerador é o número de espécies presentes em ambos os concelhos e o denominador é o número de espécies registadas no concelho com menos espécies.
Góis: 59% (167 espécies comuns num total de 279 registadas em Góis)
Miranda do Corvo: 64% (202 espécies comuns num total de 311 registadas em Miranda do Corvo)
Vila Nova de Poiares: 69% (121 espécies comuns num total de 175 registadas em Vila Nova de Poiares)
Não faria sentido excluir Góis da "Região da Lousã", por isso adotou-se o limiar 59% para a inclusão de outros municípios nesta região.
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Em seguida foram identificados os municípios adjacentes aos 4 anteriores e para cada um desses municípios foi calculada a percentagem de espécies em comum com a Lousã (tomando para denominador o número de espécies registadas na Lousã - 343 - sempre que este número era inferior ao número de espécies registadas no outro município). Este critério conduziu à inclusão de Arganil, Castanheira de Pêra, Coimbra, Condeixa-a-Nova, Pampilhosa da Serra, Pedrógão Grande, Penacova e Penela, com exclusão de Figueiró-dos-Vinhos (apenas 57% de espécies em comum com a Lousã).
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Repetiu-se o processo nos concelhos adjacentes aos 12 já selecionados, o que conduziu à inclusão de Mortágua, Oleiros, Santa Comba Dão, Sertã, Soure e Tábua, tendo sido excluídos Ansião (50%), Cantanhede (58%), Covilhã (50%), Fundão (58%), Mealhada (57%), Montemor-o-Novo (49%) e Oliveira do Hospital (58%). O município de Seia (83%) foi excluído com base num critério de "integridade territorial": é adjacente a mais municípios excluídos do que incluídos.
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Repetiu-se o processo nos concelhos adjacentes aos 18 selecionados anteriormente, o que conduziu à inclusão de Carregal do Sal e Tondela. Os municípios de Anadia, Castelo Branco e Mação foram excluídos com base no mesmo critério de "integridade territorial".
Como nesta última etapa o número de municípios excluídos foi superior ao número de municípios incluídos, optou-se por não repetir o processo (provavelmente na iteração seguinte todos os municípios adjacentes com mais de 59% de espécies em comum com a Lousã seriam excluídos com base no critério de "integridade territorial").
A "Região da Lousã" assim obtida é formada por 20 municípios onde a Flora-on refere a existência de 1396 espécies, 4 das quais observadas em todos os 20 municípios: Acacia dealbata, Pteridium aquilinum, Quercus robur e Quercus suber.
Posted on
April 16, 2022 03:05 PM
by
mferreira
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