Journal archives for December 2020

December 22, 2020

P2020: Protocolo para eliminação de mimosas e austrálias - versão de 2020

Procedimento proposto para ações de controlo de flora invasora realizadas por voluntários sem recurso a meios mecanizados

  • Árvores muito jovens (cerca de 1 ano, diâmetro do tronco inferior ou igual a 1cm, altura inferior ou igual a 150cm):
    . efetuar o arranque se possível
    (material: luvas grossas) (feito: arranque simples) (P2020ASi);
    . se não for possível arrancar a planta puxando apenas: tentar novamente com o auxílio de enxada ou sachola
    (material: enxada ou sachola) (feito: arranque simples) (P2020ASi);
    . se necessário, cortar as raízes laterais e a raiz principal (abaixo do ponto de onde emergem as raízes laterais)
    (material: tesoura de podar, tesourão, escopro e martelo, formão e maço, machado, etc.) (feito: arranque com corte de raízes) (P2020ACR).

  • Árvores adultas (cerca de 5 anos ou mais, diâmetro do tronco superior a 6cm, altura superior a 3m, casca já acastanhada em vez de verde):
    . efetuar o descasque se possível
    (material: canivete, tesoura de podar, escopro e martelo, formão e maço, etc.) (feito: descasque simples) (P2020DSi);
    . caso o descasque não seja bem sucedido (não foi possível remover a casca até ao câmbio, ou até ao solo, ou em todo o perímetro do tronco): aplicar sal na zona do descasque (sobretudo junto ao solo) e em algumas punções no tronco e nas raízes principais (cerca de 2g a 5g de sal por árvore)
    (material: sal fino de cozinha) (feito: descasque com aplicação de sal) (P2020DAS).

  • Árvores jovens já com frutos/flores/botões florais (árvores com 3 a 4 anos, diâmetro de 3cm a 6cm, altura superior ou igual a 2m, ainda com a casca verde):
    . cortar o topo da árvore e todos os ramos com frutos/flores/botões florais, mantendo alguns ramos verdes somente com folhas (material: serra);
    . tentar o arranque simples (P2020ASi), tombando e torcendo a toiça de modo a remover ou quebrar as raízes (P2020ACR);
    . se necessário, proceder ao corte das raízes laterais e da raiz principal (P2020ACR);
    . se não for possível arrancar a planta, tentar efetuar descasque
    (feito: corte parcial e descasque) (P2020CPDe);
    . se o descasque não for bem sucedido: reforçar com aplicação de sal
    (feito: corte parcial e descasque com aplicação de sal) (P2020CPDAS).

  • Árvores jovens sem frutos/flores/botões florais (árvores com 2 a 3 anos, diâmetro de 2cm a 4cm, altura de 2m a 3m, ainda com a casca verde):
    . cortar a árvore a 50cm - 100cm de altura, mantendo alguns ramos verdes se possível;
    . tentar o arranque simples (P2020ASi) ou o arranque com corte de raízes (P2020ACR);
    . se não for possível arrancar a planta e mas tiverem sido mantidos ramos verdes, efetuar descasque (P2020CPDe) eventualmente com aplicação de sal (P2020CPDAS);
    . se não for possível arrancar a planta e não restarem ramos verdes abaixo do corte, efetuar novo corte junto ao solo (a uma altura suficiente para não danificar os utensílios) e aplicar sal em toda a superfície do corte (batendo em seguida com o martelo para maior absorção pela planta) bem como em algumas punções no tronco e/ou na raiz
    (material: ponteiro e martelo, sal) (feito: corte com aplicação de sal) (P2020CAS).

Lista de etiquetas e resumo dos métodos por ordem descrescente da eficiência provável, com indicação do âmbito de aplicação:
feito: arranque simples [ASi] - árvores jovens ou muito jovens
feito: arranque com corte de raízes [ACR] - árvores jovens
feito: corte parcial e descasque [CPDe] - árvores jovens
feito: corte parcial e descasque com aplicação de sal [CPDAS] - árvores jovens
feito: descasque simples [DSi] - árvores adultas
feito: descasque com aplicação de sal [DAS] - árvores adultas
feito: corte com aplicação de sal [CAS] - árvores jovens

Fundamentação de algumas opções consideradas neste protocolo:

  • Árvores adultas: não se propõe o corte parcial (com descasque e eventual aplicação de sal) porque o corte de uma árvore adulta por voluntários usando serra manual não só seria difícil e demorado como implicaria um risco acrescido.
  • Árvores jovens com capacidade para produzir semente: propõe-se o corte parcial (eliminação da porção da árvore que iria produzir semente) porque nesses casos é prioritário impedir a produção de sementes e nenhuma outra técnica é suficientemente fiável para garantir esse objetivo.
  • Árvores jovens com alguma rigidez mas ainda sem capacidade para produzir semente: propõe-se o corte parcial sobretudo porque (1) ajuda a evitar que a árvore se parta após descasque (situação que tornaria o descasque ineficaz) e (2) constatou-se que o corte parcial facilita o arranque (torna-se mais fácil tombar e torcer a porção restante do tronco até soltar ou quebrar as raízes laterais).
  • Árvores jovens (com ou sem capacidade para produzir semente) submetidas a corte parcial e descasque: propõe-se que sejam deixados alguns ramos verdes na expetativa de que a árvore direcione o seu vigor vegetativo para esses ramos em vez de formar novos rebentos a partir da raiz.
  • Árvores jovens submetidas a corte parcial sem deixar ramos verdes: (a) propõe-se a aplicação de sal porque não se sabe se a planta iria rebentar a partir do tronco acima da zona de descasque; (b) propõe-se o corte junto ao solo para que uma maior quantidade de sal atinja as raízes.

Dúvidas cujas respostas poderão obrigar a futuras revisões deste protocolo:

  • P2020ACR: É suficiente retirar o nódulo principal da raiz (a zona de onde emergem as raízes laterais) para impedir a formação de rebentos?
    Em caso negativo, que porção do sistema radicular terá de ser retirada para assegurar a morte da planta? Por exemplo: qual o diâmetro máximo das raízes deixadas no solo? Até que profundidade deverá ser removida a raiz principal?

  • P2020DAS, P2020CAS, P2020CPDAS: Qual a quantidade mínima de sal a aplicar em cada planta para causar a sua morte?
    Qual a quantidade máxima de sal a aplicar por metro quadrado para não afetar outras espécies?
    Qual a dimensão ideal dos cristais de sal e de que modo deverá ser feita a aplicação para obter o maior efeito possível com a menor quantidade possível de sal?
    Haveria vantagem em usar outros produtos biodegradáveis em alternativa ou em complemento (por exemplo outros produtos com sódio tais como hidróxido de sódio ou sabão de sódio)?

  • P2020CPDe, P2020CPDAS: Quanta rama verde deverá ser deixada na árvore de modo a que esta continue a crescer na copa sem rebentar de raiz?
    Em que ponto do ciclo vegetativo deverá estar a planta (p.ex. que tamanho deverão ter os botões florais) para que não haja o risco de serem formados novos botões florais após o corte parcial?

Alterações previsíveis:

  • Abandonar o arranque com corte das raízes [ACR] - substituindo-o por corte parcial e descasque [CPDe] ou outra técnica que inclua descasque - caso se observe rebentação a partir das raízes deixadas no solo.
  • Ajustar a quantidade de sal aplicada, a forma de aplicação, local de aplicação, etc..
  • Utilizar outras substâncias biodegradáveis mais eficazes em alternativa ao sal.
  • Abandonar o corte parcial e descasque [CPDe] - substituindo-o por descasque simples [DSi] ou descasque com aplicação de sal [DAS] - caso se observe rebentação a partir da raiz após corte parcial, mesmo com descasque.
    Da mesma forma, abandonar o corte e aplicação de sal [CAS] - substituindo-o por corte parcial e descasque [CPDe] ou outra técnica que inclua descasque - caso se observe rebentação mesmo após aplicação de sal.
    Em ambos os casos, isso implica deixar de cortar as árvores jovens antes de tentar arrancá-las, para permitir a posterior aplicação de descasque simples nas árvores cujo arranque se revele impraticável.

Posted on December 22, 2020 01:36 AM by mferreira mferreira | 11 observations | 0 comments | Leave a comment